Não existia maternidade. Os partos eram feitos em casa. Mulheres corajosas chamadas parteiras, corriam quando chegava um homem a cavalo ou à charrete pedindo ajuda - corre sinhá minha mulher tá preste a dar luz. Passavam na casa da benzedeira pegavam seus raminhos de arruda e alecrim, lá saiam correndo. Ao chegar a parteira gritava preciso de muita água quente. Eu escutava e me perguntava para que ela está pedindo tanta água quente? Mais eramos afastados para longe sem imaginar o que estava acontecendo. Alguém gritava - saiam daqui a cegonha vai trazer um irmão para vocês, a cegonha tem um bico grande e vai comer vocês.Juro que não entendiamos nada e obedeciamos muito assustados. Muitas crianças e mães morriam no parto por falta de assistência médica. As mulheres todos os anos tinham filhos, não existia anticoncepcional. Acho que era um orgulho para os pais ter muitos filhos só que escolhiam nomes estranhos sendo que a maioria eram nomes de santos. Me contaram que tinham pais que iam no escrivão registrar depois de um ou dois anos dai trocavam a idade dos filhos. Também não havia fraldas descartáveis, eram de pano e calça plástica.Os bebes eram enrolados no pano chamado cueiros, ficavam parecendo um cartucho só aparecia a cabeçinha e permaneciam enrolados até dois ou treis meses de idade. A parteira e benzedeira orientavam a mãe, vou tentar descrever da maneira como falavam que por sinal é muito engraçado. A parteira: Oia minha fia tu tens que fazê resguardi tu num sai no vento suli num lava a cabeça antis di completa mesi e só podis comer cardo di galinha tu das bastanti chá di funcho pra criança si tu num tive resguardi vas pega uma recaida. A bendezeira falava assim: minha fia tu cuida dos zóio grande nessa criança e se tive chorando muito di noiti podis crê qui é enbruxado ai é só manda arguem mi chama. Terminado o parto e as recomendações, voltavam para suas casas sem cobrar o serviço e tendo a certeza que teriam que voltar no ano seguinte.
Sem comentários:
Enviar um comentário