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Meu avó costumava dizer que os meses de maio e Junho eram muito farturentos. Nesses meses começavam a colheita da mandioca para fabricação da farinha nos engenhos. Antigamente movido a bois a mandioca eram raspada a mão por mulheres, muitas trabalhadoras que não mediam esforços para ajudar seus maridos. Era um trabalho árduo porque enfrentavam a invernada as vezes grávidas ou com filhos pequenos. Era uma delicia passar por um engenho e sentir o cheirinho da farinha quentinha. A mulherada faziam bijú, rosca de polvilho, tapioca, cuscus e outras delicias da roça tudo extraído da mandioca. Em Maio os pés de laranjas ficavam amarelos no ponto de colher, era uma maravilha ver tanta fartura para nós e os pássaros degustar-las. A rapaziada aproveitavam e armavam arapucas para pegar sábias bem gordos era muito bom, claro naquela época por que fazer isso agora é crime. Para os pescadores Maio é o mês tão esperado para captura das tainhas, no passado não existia geladeiras ou frigoríficos então a solução era escalar tipo uma salga onde o peixe é aberto pelas costas colocando muito sal e posto para secar ao sol. Nas casas dos pescadores víamos varais feitos de bambus com tainhas expostas ao sol, depois de secas embrulhadas na farinha assim conservavam e duravam o ano todo. Os donos de engenhos compravam o peixe ou trocavam por farinha, assavam na brasa e faziam pirão para comer com a tainha assada. Não tem explicação do sabor era bom demais! Eu vivi essa vida aqui na nossa ilha, sinto saudades e me orgulho de meu passado e de ser mané!